Uma
chance ao amor
Aos
36 anos de idade minha vida era totalmente estabilizada. Estava casada com o
Marcelo há 18 anos, tinha uma filha e estava realizada profissionalmente. Cursava
meu doutorado e era professora de ensino médio em uma escola de ensino técnico
integrado. Tudo estava caminhando perfeitamente bem, até que uma crise no meu
casamento mudou toda minha vida, e todos os rumos dela.
Depois
de seis meses separada do meu marido, decidi que era hora de recomeçar minha
vida, sair e conhecer pessoas novas. Emily, minha filha de 17 anos, já era uma
moça, estava se preparando para prestar vestibular, ou seja, já não dependia
muito de mim. Faltando dois meses para o término do ano letivo tive que assumir
uma nova turma, pois a professora havia saído de licença, e foi lá, naquela
turma, que cometi uma das maiores loucuras da minha vida. Envolver-me com um
aluno.
Caio
tinha apenas 18 anos e era sobrinho de minha melhor amiga. Desde a primeira vez
que coloquei os pés na sala de aula daquela turma, percebi que o rapaz não
tirava os olhos de mim. Não eram olhos de um aluno interessado na aula, mas sim
de um rapaz interessado na mulher que estava a sua frente. No início eram
apenas olhares durante as aulas, mas à medida que os dias foram passando as
investidas dele foram se intensificando. No término das aulas Caio era o último
aluno a sair da sala, e sempre se oferecia para carregar materiais que eu
levava para a classe, só para estar sozinho ao meu lado por um tempo. Aquela
situação me deixava perturbada, eu achava o máximo aos 37 anos ser desejada por
um rapaz de 18, era uma recarga de vaidade em minha autoestima abalada pelo
término do meu casamento. Era uma situação contraditória, pois era bom me
sentir desejada daquele jeito, mas eu sabia dos riscos que corria ao
envolver-me com um aluno. Além disso, eu conhecia a família dele muito bem, e
sabia exatamente qual seria a reação deles se eu me envolvesse naquela loucura.
Eu
tentei de todas as formas resistir aos encantos daquele moreno lindo, tentei
colocar na minha cabeça que ele tinha idade para ser meu filho, que era meu aluno.
Tentava manter distância dele, mas parece que o destino queria nos unir. Uma
certa noite resolvi sair com algumas amigas para espairecer, dar uma relaxada.
Estava tudo caminhando bem, até que vi meu problema atravessar a porta da
danceteria onde eu estava. Ele foi se aproximando e eu me afastando, mas quando
ele exibiu aquele sorriso devastador fui incapaz de resistir. Ele me beijou de
uma forma que há muito tempo eu não era beijada, com tanta paixão, com tanta
necessidade, parecia que para ele o mundo acabaria depois daquele beijo. Num
ato de extrema loucura acabei passando a noite com ele, uma maravilhosa noite. E
na manhã seguinte quando disse a ele que aquilo não iria mais se repetir, ele respondeu
que não aceitaria aquele não, porque estava apaixonado. Meu único instinto foi
sair correndo para casa.
Nos
dias seguintes fiz o possível para evitá-lo, mas aquele beijo, aquela noite
maravilhosa não saiam da minha cabeça. Depois de muito pensar acabei contando a
situação para Mônica, minha amiga que era tia dele. Ao contrário do que eu
imaginava, Mônica me apoiou. “Renata, o Caio não é mais uma criança! Já é maior
de idade, responsável por seus atos. Se joga amiga, seja feliz!”. Pensei
naquele assunto por muitos dias, e depois de muita insistência por parte de
Caio, acabei saindo com ele outras vezes. Ao final do ano letivo assumimos
nosso namoro. No início foi difícil, tivemos de enfrentar os olhares
preconceituosos da sociedade, os comentários maldosos de que ele deveria ser o
namorado da minha filha, e não meu. Até mesmo Emily, que sempre estava ao meu
lado, me repudiou no início, dizia que eu estava louca. Mas o amor que meu “menino”
demonstrava me fazia enfrentar e lutar contra tudo. Eu me sentia amada como
nunca antes, nem mesmo Marcelo me amou assim.
Foram
dois anos de muito amor e aprendizado. No final desse tempo decidi que era hora
de cada um seguir seu rumo. A vida de Caio estava apenas começando, e a minha
já estava bem adiantada. Ele era jovem, era louco para ser pai, e esse era um
desejo que eu não tinha certeza se um dia poderia realizá-lo, por causa da
minha idade. Ele me dizia que não se importava, que poderíamos adotar uma
criança, que tudo caminharia certo, desde que eu estivesse com ele. Tentei
argumentar de diversas formas que eu não era a melhor opção para ele, e quando
disse a ele que não podíamos mais continuar, fui surpreendida com um pedido de
casamento. Quando achei que nossa história estava acabando, realmente estava
apenas começando. Seis meses depois nos casamos, e após dois anos tivemos nossa
filha. Nossa família não parou por aí, e nos anos seguintes adotamos mais duas
crianças.
Agora
vejo que minha vida aos 36 anos não era feliz como eu imaginava, eu tinha uma
estabilidade, não felicidade. Agora sim, aos 52 anos, sou extremamente feliz.
Tenho um marido que apesar dos anos continua me amando, terminei meu doutorado
e agora sou professora universitária, sou mãe de três filhos que amo muito, e
para completar tenho duas netinhas que enchem meu coração de alegria. Às vezes
fico imaginando como estaria minha vida agora se eu não tivesse encarado meus
preconceitos e me dado uma nova chance, uma chance ao amor.
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