Um ato de amor
Certas
coisas acontecem nas nossas vidas e não existe uma explicação. Simplesmente
acontece. E até hoje não consegui entender a minha facilidade em me apaixonar
por homens errados. O último cara com quem eu me envolvi tinha namorada. Eu não
sabia. Como posso ser tão burra? E como ele consegue fazer isso com a namorada?
Eu não entendo. Se você está com alguém, não existe nenhum motivo que
justifique procurar outra pessoa. Se a relação não está boa, apenas termine.
Assim evita o sofrimento futuro. Eu realmente não entendo as pessoas. Até
quando eu apenas fico com alguém, não consigo ficar com outra pessoa. Talvez a
errada seja eu. Mas felizmente aquela paixão que eu sentia pelo senhor safado,
que prefiro nem lembrar o nome, passou. Tudo com a ajuda de uma nova paixão.
Amor, na verdade. Ontem ele me falou que me ama. Lucas, meu anjo, meu amigo.
Sim. Eu o amo. Muito. E sinto que é
diferente. Eu sei que é diferente de tudo que já vivi. Meu coração acelera só
de lembrar o nome dele. Eu arrepio com a imaginação do nosso beijo. E quando
ele me toca o mundo para. Eu me sinto segura, amparada, amada. Conheci o Lucas
há dois anos, quando fizemos uma matéria em comum na faculdade. Durante as
aulas éramos parceiros, fazíamos todas as atividades juntos. De colegas para
amigos. Uma linda amizade a nossa. Quase todas as semanas saíamos juntos ou íamos
um para a casa do outro. Eu contava sobre os desastres amorosos da minha vida e
ele me contava sobre a vida dele. Sempre nos vimos apenas como amigos. Não sei
explicar como isso mudou. Só sei que depois de uns meses, a nossa relação se
tornou mais intensa. Eu não me sentia mais a vontade em contar certas coisas.
Eu não podia vê-lo que me dava vontade de sorrir. E eu sei que com ele também
foi assim. Já conversamos sobre isso. É tão bom ser amiga dele. Me sinto bem
para falar qualquer coisa com ele. Nos entendemos, nos apoiamos, nos amamos.
Tenho muito medo de o nosso namoro
atrapalhar a amizade. Se isso não der certo, posso perdê-lo. E isso não pode
acontecer. Antes de amá-lo como homem, o amo como amigo. O que temos é tão forte, é tão verdadeiro, que
não pode se perder. Mas isso não vai acontecer. Vamos ser amigos para sempre.
Eu amo o Lucas. E quando ele me beija eu sinto que ele também me ama. Isso tudo
só pode ser mentira. Não acredito. Nunca estiver tão feliz como agora. Que
medo. Mas o conheço como amigo e é uma pessoa maravilhosa, um ótimo
companheiro. Como namorado também sei. Conheço a história do último namoro
dele. Não terminou muito bem. A ex dele foi fazer intercâmbio e decidiu terminar.
Eu não entendi porque a Vitória fez isso. Eu nunca faria isso. Eles se davam
muito bem, se amavam. Isso pode ter ajudado na nossa aproximação amorosa. Ele
terminou na mesma época em que eu descobri sobre o boy safado (aquele que
namorava). Choramos juntos. Reclamamos juntos. E hoje nos amamos. Namoramos há
três meses. Não é muito tempo, mas já é intenso, é muito forte. Estou feliz,
muito feliz.
Penso nele o dia todo. Como isso é
possível? Como posso estar amando tanto? Tenho medo. Mas me sinto bem, quando
penso que estamos bem. Será que temos futuro? Sei da vontade dele de mudar de
cidade. Eu também quero isso. Temos tantas coisas em comum. Parece mentira,
porque é tudo muito bom pra ser verdade. Falo isso por causa do meu histórico
amoroso. Sempre amei sem ser amada. Não quero pensar nisso, nem no futuro. A
vida é incerta. E às vezes nos pega de surpresa. Antes nunca me imaginaria
namorando o meu amigo Lucas e agora estamos nessa. Eu o amo. É só pensar nele
que ele aparece. Meu telefone está tocando. É ele, é o meu amor... “Paula, meu
anjo, precisamos conversar. Estou indo para a sua casa agora.” Ele parece tão
sério. Estou com medo. Ele não é assim...
“Minha linda, a Vitória voltou. Ela
foi me ver hoje.” Ele fala e eu já sei o que vem a seguir. Vamos ter problemas.
Sabia que era bom demais... “Você precisa saber que eu te amo. De verdade. Te
amo como amiga e como mulher.” Será que esse amor é suficiente pra ele? Estou
calada, não consigo falar nada. Meu coração já está sentindo... Não, que meu
coração esteja errado. Não quero perdê-lo... Estou suando frio. Me sinto
desamparada, sozinha. Parece um pesadelo. Ele está dividido. O meu amor ainda
ama a ex. Não acredito que isso está acontecendo comigo. O homem que eu amo...
Ele ama a outra. Estamos chorando juntos de novo. “Eu te amo, Paula. Não quero
perder você, nem perder tudo que construímos juntos.” Não posso me esquecer da
nossa amizade. Ela é tão linda, tão forte... Tenho que separar as coisas. É tão
difícil. Por mais que eu o ame, vou me sentir a pior pessoa do mundo se impedir
a verdadeira felicidade dele. Não posso ser egoísta. Ele precisa do meu apoio.
Sei que ele não vai conseguir. Tenho que fazer isso por ele, por nós. Devo isso
à nossa amizade. Eu o amo e quero vê-lo feliz.
“Eu te amo muito Lucas. E por tudo
que vivemos juntos, por nossa amizade e por esse amor, quero que você se sinta
a vontade para recomeçar uma relação com ela.” Não acredito que falei isso. É o
certo. Eles se amam. Não posso mudar isso. Ele está sem palavras. “Eu falo
sério. Eu te amo, mas vocês também se amam. Não quero te prender se o seu
grande amor é ela e não eu. Pode ficar tranquilo. Siga o seu coração.” Meu
coração dói muito, mas fiz o certo. Isso vai passar, tem que passar. “Não
queria que isso estivesse acontecendo, meu anjo. Não quero te perder.” Ele fala
e só sinto dor. O coração sofre, mas ele também sabe que vai passar... Pode
demorar, mas vou conseguir superar isso. “Eu sempre vou te amar. Não quero
perder a nossa amizade.” Sorrio, sem querer. Preciso ficar firme, preciso ser
positiva. “Nossa amizade é forte demais para acabar assim, Lucas. Mas vou
precisar de um tempo.” Ele me abraça e eu fico arrepiada. Seguro as lágrimas.
Não posso chorar. Não agora. “Eu te entendo. Isso é um ato de amor. Até breve,
meu anjo.” Ele fecha a porta e as lágrimas descem. O meu amor se foi. Essa dor
tem que passar...
Já
tem um mês que estou sozinha, sem ele. Ainda o amo. Ainda choro. Mas parei de chorar
todas as noites. Ele é a pessoa que mais amei, que mais me amou. Mas fiz o
certo. Minhas amigas me julgam, dizem que sou burra. Talvez eu seja mesmo. Mas
não poderia viver feliz sabendo que tem uma pessoa que ele ama mais que a mim.
Não seria bom pra mim nem pra ele. Fiz o certo. Tento colocar isso na minha
cabeça todos os dias. Preciso ser forte, vou superar... Não o vejo desde aquele
dia. Ele me manda mensagens e eu respondo. Mas não conversamos como antes.
Espero que quando essa dor passar, nós possamos voltar a sermos amigos como
antes. Sinto muita falta dele. Sinto falta do meu amigo, do meu cúmplice, do
meu amor. Não. Ele não é mais o meu amor. Preciso tirar isso da cabeça. Mas
continua doendo. Ainda o amo como amigo e como homem. “Paula, meu anjo.” Que
susto! Ele está atrás de mim. Estou tremendo, mas não de medo. Meu coração está
acelerado. O Lucas está me encarando. Todos os nossos momentos juntos vêm a
minha cabeça. Tenho que ser forte. “Aquele dia eu não pedi desculpa. Sinto
muito por fazer você sofrer. Mas eu também sofri. Ainda sofro. Sinto sua falta.”
Perca as palavras. Não sei o que responder. Ele toca a minha mão. Esse toque...
“Desculpa, meu anjo. Eu estava muito confuso...” Que vontade de chorar, mas
preciso me mostrar forte, bem. Mas não estou bem. “Não é certo, não é justo.
Mas ainda te amo. Te amo como amiga, te amo como mulher.” Não é justo ele falar
essas coisas. Voltou a doer, muito. Por quê? “Eu também te amo.” Digo, porque é
verdade. “Eu não amo a Vitória. O meu grande amor é você.”
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