terça-feira, 18 de abril de 2017

Meu anjo

            Existem pessoas que passam por nossas vidas e deixam marcas, lembranças. E existem aquelas pessoas que, além disso, também mudam as nossas vidas. Eu falo isso porque hoje faz dois anos que uma pessoa entrou em minha vida. Uma pessoa que eu não deixaria por nada, uma pessoa que eu amo e me ama. Uma pessoa que me mudou (pra melhor) e que todos os dias me enche de alegria e me faz acreditar que o amor é real. Sim, é real! E eu estou vivendo isso. Mas nem sempre eu fui assim. Costumava ser fria, ser dura com coisas relacionadas ao coração. Eu simplesmente não acreditava que alguém era capaz de me amar de verdade e, por isso, não me abria para viver o amor. Eu gostei de várias pessoas, me apaixonei, isso posso dizer. Mas não vivi isso profundamente, não expus o meu amor. Eu não me dava a oportunidade de amar o outro e ser amada. A verdade é que eu tinha medo de me perder, de perder quem sou eu.
            Aos poucos descobri que quando encontramos a pessoa certa, esse medo não precisa existir, porque quem te ama não te muda, não te impede de nada. A mudança que eu tive, partiu de mim, depois que eu conheci o meu anjo. Mas em nenhum momento ele me pediu pra ser diferente. Só disse para eu me permitir sentir e viver o que meu coração pedia. Assim eu fiz. Perdi o medo. E devagar pude sentir a emoção que é ser amada e poder amar alguém. Hoje não consigo entender muito bem porque eu não vivia isso. Tinha o medo, certo. Mas o que mais? Enfim, não importa. Continuo sendo eu, mas um pouco mais leve e aberta e muito mais feliz.
            Antes de conhecer o meu anjo, o meu Henrique, o meu grande amor, eu nunca tinha namorado e nem criado laços fortes com nenhum homem. Conheci algumas pessoas bem legais e interessantes. Mas tinha alguma coisa que me impedia, que não me dava o impulso para continuar e me envolver. Às vezes penso que eu nunca tinha amado de verdade. Porque o amor dá força e coragem. Uma vez conheci um rapaz que até cheguei a me imaginar junto, um namoro mesmo. Mas não passou da imaginação. Quanto mais ele se aproximava, mais eu recuava. Podem achar que sou louca e talvez eu seja mesmo. Mas pra mim faltava alguma coisa, uma emoção a mais. Como não aconteceu isso, eu continuei apegada ao meu medo da mudança e esfriei mais uma vez.
            Olhando para trás e pensando, principalmente, nesse rapaz que me fez feliz e que eu não fui capaz de amar, dá leve tristeza. Sinto-me um pouco culpada. Não fui sempre sincera com ele. Só que era difícil ser sincera com ele, quando nem comigo eu conseguia ser. Eu achava que iria conseguir atender as expectativas dele, de fazê-lo feliz mesmo. Mas não consegui. Ele é uma pessoa maravilhosa e qualquer mulher amaria ser amada por ele. É fácil gostar de pessoas alegres, que preocupam e te faz feliz. Mas eu sempre esperei mais e não queria começar alguma coisa com outra na cabeça. No começo seria bom, mas depois eu tinha as minhas dúvidas. Talvez teríamos dado certo, provavelmente sim. Mas eu não estaria vivendo aquilo que eu realmente queria. O problema era que eu não sabia exatamente o que eu queria. Só sabia que queria uma pessoa que só de pensar me fizesse arrepiar, que a cada encontro me deixasse ansiosa e que eu sentisse saudades sempre (mesmo que eu a tivesse visto há uma hora). Queria uma pessoa que fizesse meus olhos brilharem e meu coração vibrar. Eu não sabia ao certo, mas o que eu queria só descobriria quando encontrasse.
            E eu encontrei, há cinco anos. Eu lia meu livro preferido, pela milésima vez, numa confeitaria na minha nova cidade. Tinha me mudado há poucos meses e já tinha minha confeitaria preferida. Eu tomava chá branco e comia um croissant de chocolate. Eu me sentia bem ali, lendo e aproveitando a calmaria do fim de tarde. Sentia-me segura, livre. Eu estava feliz e não esperava nada. Era mais um lindo dia de sábado, com sol e algumas nuvens, um gostoso começo de primavera. E aquela seria a melhor primavera da minha vida. Fechei meu livro, dei uma mordida no croissant e tomei um pouco do chá. Olhei para o céu e sorri. Aquele dia estava tão lindo, que sorrir era inevitável. Voltei meus olhos para frente e me deparei com um homem alto e moreno. Não enxerguei o seu rosto de imediato.
            “Posso me sentar?” Aquela voz vibrou em meus ouvidos e eu arrepiei. Sorri de vergonha e concordei que ele se sentasse. Um sorriso largo e encantador, olhos tão profundos e brilhantes, que senti que ele me lia. Ele me olhava com emoção e parecia tentar me desvendar. Fiquei mais tímida. Eu sempre fui tímida, mas naquele momento sentia uma ansiedade, não sabia bem o que fazer. Eu sorria, sorria muito. “De longe eu já admirava esse sorriso. E agora de perto parece que estou no céu. Estou encantado com você.” Eu não acreditei no que ele falava. Devo ter ficado muito vermelha de vergonha. Mas eu queria que ele continuasse ali. Não o conhecia de verdade, mas olhando dentro daqueles olhos era como se nos conhecêssemos há anos. Finalmente consegui falar direito. “E agora posso saber o nome do meu admirador?” Ele sorriu mais ainda. “Henrique. É um enorme prazer poder te conhecer, alguém de tanta luz como você. E qual é o nome desse anjo?” Parecia que meu mundo tinha virado de cabeça para baixo. Mas parecia que eu tinha encontrado o meu mundo. Eu sentia emoção, ansiedade. Eu poderia ficar ali olhando pra ele por horas e mais horas, que não me cansaria. “Felícia e, eu não sou um anjo.” Demos uma gargalhada. Com o tempo eu teria a certeza que ele seria um anjo em minha vida, o meu anjo. E ele sempre diz que eu sou o seu anjo.
            Então seremos sempre um anjo um na vida do outro. Convivendo com ele e vivendo o nosso amor, eu me permitir ser amada de verdade. Hoje sei reconhecer os meus valores e a aceitar que posso ser boa na vida de outras pessoas. Eu era fria, não me doava. Eu tinha medo, eu fugia. Mas desde que o conheci descobri que o amor era possível. Eu o amo demais. Ele me mudou, fazendo-me enxergar o amor nos outros. Hoje amo mais os meus familiares (até com eles eu era um pouco fria) e os meus amigos. Hoje sei dizer “eu te amo”, com vontade e força. Hoje consigo sentir de verdade. Ele me mudou bem aqui dentro do meu coração. Agora tenho um coração mais leve, aberto aos outros e que sabe amar. Eu vivo de verdade a vida. Vivo o nosso amor. Ter o meu anjo é ter o céu bem na minha frente. 

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