O Vizinho
Sempre
achei a rua da minha casa super parada, sem nenhum atrativo aos olhos
femininos. A maior parte dos vizinhos eram mais velhos e casados, nenhum que se
encaixaria com o perfil de uma jovem de 21 anos. Uma senhora que morava em
frente a minha casa faleceu, e os filhos logo venderam a propriedade. Fiquei
imaginando se viria mais um casal para morar naquela residência. O que eu não
esperava é que viria um homem jovem e bonito.
Quando Leandro se mudou fiquei
surpresa ao conhecer o novo vizinho. Tinha uma estatura mediana, cabelos
escuros e olhos verdes, e o sorriso mais devasso que eu já tinha visto. No
início eu não prestava muita atenção nele, nem tinha tempo, pois estudava o dia
todo. Mas, depois de observar bem as opções que havia na minha cidade, passei a
brincar com minhas amigas dizendo que ele era um bom partido. Ele era responsável,
trabalhador, não mexia com coisas que eu julgava errada, e já tinha certa
estabilidade financeira. Não sou interesseira, mas é claro que eu queria um
namorado que pensasse no futuro, que soubesse investir seu dinheiro, e não
jogá-lo fora com bobagens.
Dificilmente
eu e meu vizinho nos víamos, nas poucas vezes que isso acontecia mal nos
falávamos. Quem tinha mais intimidade com ele era meu pai e meu irmão mais
velho. Quando eu estava em casa adorava ficar na janela para vê-lo. Eu ficava
imaginando mil maneiras para começar a conversar mais com ele, mas nada saia
como o planejado. Um dia a oportunidade certa apareceu. Uma transportadora veio
entregar uma compra que eu havia feito na internet, e como não havia ninguém em
casa para receber, resolveram deixar a encomenda com Leandro. Péssima decisão! Quando
cheguei em casa a noite ele veio trazer meu pacote, e começou a me chamar xingar,
disse que estava dormindo para trabalhar e foi acordado para receber entrega de
uma vizinha folgada que faz compras na internet sendo que não tem ninguém para
receber. Fiquei possessa de raiva, o agradeci e disse que a partir de agora
deixaria um recado para as lojas não entregarem no domicílio dele.
A
partir daquele lamentável episódio toda vez que eu o via virava a cara e entrava
em casa. Ficamos em torno de um ano sem conversar. Numa tarde de sábado eu
resolvi sair com minhas amigas, me produzi toda e quando abri o portão dei de
cara com ele lavando o carro na rua. Observei pelos cantos dos olhos que ele me
olhava. Quando fui abrir a garagem para pegara meu carro o safado acabou me
molhando. Fui que nem uma onça em direção a ele para brigar. Para minha
surpresa ele me arrastou para sua garagem e me beijou. De início tentei recusar
o beijo, mas depois acabei cedendo e correspondi. Ele me beijava com tanta
voracidade. Parecia que toda nossa raiva havia virado paixão. Que nossa
implicância era na verdade atração. Sai de lá correndo e fui pra casa. Tranquei-me
no quarto e fiquei tentando entender o que havia acontecido.
Passei
dias sem chegar à janela para não encontrar ele. Eu simplesmente não sabia como
reagir, o que dizer a ele. Depois de cinco dias sem vê-lo o encontrei sentado
na porta de casa, esperando eu chegar da faculdade. Disse-me que precisávamos
conversar e que não poderíamos mais adiar. Gelei na hora. Ele me convidou para
entrar. Aceitei seu convite e sentamos na sala. Ele começou dizendo que já
havia um tempo que se sentia atraído por mim, mas que não podia dizer nada
porque meu pai gostava muito dele. Então me explicou que me molhar foi o jeito
que encontrou para chamar minha atenção e me levar até ele. Não aceitei calada,
mesmo sendo por esse motivo. Disse a ele que aquele ato não tinha sido legal,
que poderia ter apenas me chamado para conversar e teríamos resolvido o
problema. Ele me pediu desculpas e acabamos ficando novamente. Saímos algumas
vezes e ele me pediu em namoro.
Nosso
namoro não é fácil. Precisamos driblar a falta de tempo para conseguirmos ficar
juntos. Eu saio de manhã para o curso e só chego ao final da tarde, ele sai à
noite para trabalhar e só chega de manhã. Só conseguimos ter um tempinho para
nós aos finais de semana. Tem sábado que estou tão cansada que só quero dormir.
Mas quando Leandro diz “Vitória, vem ficar com seu vizinho” eu não resisto.
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