sexta-feira, 26 de maio de 2017

A mudança

São 9:00 horas da manhã, estou deitada na minha cama ao lado do meu amor, que dorme profundamente. Ainda estou extasiada pela noite de ontem. Thiago, meu namorado, me pediu em casamento num lindo jantar a luz de velas, no meu restaurante preferido. Olhando para esse homem lindo, que tanto amo, me sinto totalmente culpada por quase tê-lo deixado escapar. Ficava ouvindo as más línguas e quase não dei uma chance a esse homem maravilhoso.
            Conheci Thiago há três anos, quando comecei a trabalhar em uma empresa de tecnologia, no setor de comunicação. Eu havia acabado de me formar e consegui uma vaga de assistente de comunicação, não era o que eu queria, mas como recém formada não podia exigir muita coisa. Nos meus primeiros dias na empresa nossos caminhos não se cruzaram, pois ele estava viajando a trabalho. Em uma manhã de quarta-feira, três semanas depois do meu início, encontrei um homem que eu ainda não conhecia no meu setor. A primeira vista o achei bonito, mas nada muito exagerado. Perguntei a Camila, minha nova amiga, quem era aquele homem, e ela então apresentou Thiago, o Gerente de Contratos da empresa. Pouco depois fiquei sabendo que ele era o “galinha” de lá, corria atrás de todas as mulheres e todas se jogavam a seus pés. Já de cara pensei: “Não fui com a cara dele, e ele nem é essa coisa toda, é apenas bonito”. Comecei a perceber que ele se achava demais.
            Conversava com meu colega apenas o essencial, parecia que rolava uma antipatia entre nós, nem eu ia com a cara dele e nem ele ia com a minha. Ele simplesmente não perdia a oportunidade de me cutucar, com alguma provocação. Passados uns dois meses começamos a nos tratar melhor. Não provocávamos um ao outro e conseguíamos trocar algumas palavras sem uma má resposta do meio. Comecei a perceber que ele estava me olhando diferente, sorria pra mim a todo o momento, e não era qualquer sorriso, era um flerte. Eu não tinha interesse nele, mas gostava de flertar com ele, me fazia sentir desejada. Não demorou muito para que ele me convidasse para sair. Metade de mim queria ir, mas tinha uma vozinha na minha cabeça que dizia “Não caia na lábia dele, ele é um sem vergonha, lembra?!”. Superei aquela metade que queria dizer sim e disse “não”. Ele ficou chateado e isso me deixou meio vulnerável, mas segui firme na minha resposta. Por alguns dias ele me tratou com indiferença, mas logo voltou a me tratar normalmente, até passamos a conversar mais. Quanto mais criávamos intimidade, mas eu me sentia atraída por ele. Comecei a ver detalhes nele que antes eu não via, como o furinho que ele tinha no queixo. Contei isso a Helen, minha amiga de infância. Ela dizia que eu deveria dar uma chance a ele, me disse que as pessoas mudam, e que se ele realmente era do jeito que diziam, o amor poderia mudá-lo.
            Parecia que quanto mais eu lutava em dizer não, mais o destino queria me fazer dizer sim. Como na tarde que caiu uma tempestade justamente no fim do expediente. Fiquei na porta do prédio imaginando como eu iria embora, já que eu havia deixado a sombrinha em casa e o ponto de ônibus era longe. Para minha surpresa Thiago me ofereceu carona, fiquei receosa em aceitar, mas como não tinha outra opção acabei aceitando. Conversamos tanto durante o trajeto. Ele falou um pouco dele e dos comentários a cerca dele, disse que não era bem assim do jeito que as pessoas falavam, que era sim um paquerador, mas simplesmente porque ainda não encontrara a pessoa ideal para mudar sua vida. Quando cheguei em casa fiquei decepcionada por ter que deixá-lo ir, mas era o melhor a fazer.
Persistente como era Thiago não desistiu de mim e novamente me convidou para sair. Eu estava tão atraída por ele que dessa vez não consegui dizer não, mesmo sabendo que poderia sair dessa história com o coração partido. No dia combinado fiquei super ansiosa, as horas pareciam passar bem lentamente. Quando ele chegou para me buscar estava estonteamente lindo, tão cheiroso, aquele perfume nunca mais saiu da minha mente. Saímos para comer uma pizza e tomar um vinho. Entre tantos assuntos descobrimos muitas coisas em comum, como o desejo de fazer um mochilão pela América. A conversa estava tão boa que não percebemos o tempo passar. Em momento nenhum ele tentou me beijar, simplesmente estava deixando a noite rolar. Aquilo me fez pensar que realmente ele não era aquilo que as pessoas falavam. No final da noite, quando me deixou em casa, finalmente me beijou. Ah aquele beijo! Fiquei pensando nele a noite toda.
 No outro dia no trabalho tentei agir normalmente, mas a presença dele me deixava ansiosa e nervosa. Queria muito experimentar aqueles lábios novamente. Para minha completa felicidade ele me chamou para sair novamente, e depois mais algumas vezes. Quando percebi já estava totalmente apaixonada, morrendo de medo de o seu lado safado falar mais alto e eu me machucar. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele também se apaixonou e me pediu em namoro. No início fiquei com medo, insegura, mas à medida que o tempo foi passando a confiança foi crescendo. Thiago saia comigo na rua e simplesmente só olhava para mim, para ele não existia outras mulheres. Fui percebendo que as palavras de Helen faziam total sentido, ele havia mudado completamente, agora era um homem fiel e que se desdobrava em maneiras de demonstrar o amor que sentia por mim.
Quanto mais o tempo passava, mais nos amávamos, e então começamos a planejar o futuro. Além de tudo eu havia sido promovida, agora era Analista de Comunicação, o que possibilitava fazer novos planos. Começamos a falar em casamento e filhos, e decidimos que nossa lua de mel seria o mochilão pela América, pois depois que tivéssemos filhos esse desejo seria difícil de realizar. Eu só não imaginava que o pedido estava tão próximo. 
Olho para o lindo anel no meu dedo anelar esquerdo e começo a sorrir, não acredito que daqui a alguns meses estarei casada com esse homem lindo que está abraçado a mim. Serei eternamente grata a ele por ser tão persistente, pois se não fosse assim não estaríamos aqui juntinhos agora. 

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