A Surpresa
Ele sempre teve o dom de me fazer
suspirar. Animado, sempre vendo o melhor do mundo e das pessoas, não há quem
fique para baixo ao seu lado. Infelizmente, nossas rotinas corridas nos impedem
de estarmos sempre juntos. Por isso, o celular é o nosso melhor amigo e cupido.
Nos conhecemos numa festa, num lugar onde conexões são quase raras, mas a nossa
era impossível de passar despercebida. Nossos amigos logo falaram que aquilo
seria bem mais que uma única noite. E de fato, foi. Ficar longe dele sempre foi
doloroso, mas fizemos o nosso melhor. Quando ficamos ainda mais intensos, os áudios
e as mensagens escritas já não eram suficientes. Eles não davam conta de toda
emoção que nos preenchia. Então, seja na hora do almoço, hora do café ou ao entardecer,
ele dava seu jeitinho e me ligava. Às vezes uma ligação de áudio, outros
momentos de vídeo. Não havia um dia sequer que ficávamos sem nos falar e
compartilhar as coisas mínimas e máximas do nosso dia a dia. Mesmo que tivesse
sido mais um dia repetitivo, sem novidades, ele aparecia para falar as
besteiras que sempre arrancavam o meu sorriso mais genuíno. E comigo não era diferente.
Eu falava das minhas lutas na cozinha, do bolo queimado, do pão duro, do casal
apaixonado que vi no caminho do trabalho, da nova música do meu cantor
preferido, da fofoca dos vizinhos briguentos, qualquer coisa. E ele amava e
sempre me incentivava a falar mais e mais. “Já deu, Luca, eu falo demais”,
disse um dia. “Eu amo quando você fala. Posso sentir a sua empolgação daqui”,
ele respondeu prontamente, então eu recomecei a tagarelar. E sempre foi assim,
o Luca, vulgo minha paixão, me incentivando e admirando tudo o que fazia. Sem
falar no orgulho. Para ele eu era sempre a mulher mais linda, sexy, fofa,
inteligente e encantadora que já tinha visto. Nos meus bons dias, acreditava e
ficava com as bochechas vermelhas e inchadas de tanto sorrir. Mas, com certeza,
tudo sempre foi muito reciproco entre nós. Eu o admiro demais, de todas as
formas possíveis.
No
entanto, nem as milhares de ligações eram suficientes para a emoção que existe
entre nós. A saudade começava a me sufocar e, certo dia, com os hormônios
tomados pela TPM, eu ousei chorar e falar como aquilo me incomodava. Ele,
obviamente, também tão resistiu e se emocionou. Era um sentimento ainda mais
intenso tomando conta do meu coração. “Tudo vai melhorar, Liz”, ele dizia entre
lágrimas. Alguns dias se passaram e eu estava naquela rotina estressante no
trabalho. Apresentação de nova campanha, com novos clientes, e um chefe ainda
mais rabugento do que o costume. Parecia que o mundo iria explodir em minhas
mãos. Uma das únicas pessoas capazes de me acalmar um pouco era ele. Sua
energia alegre era contagiante e ele sabia exatamente o que falar para me fazer
sorrir em meio ao caos. Era um sorriso breve, mas era aliviante. Simplesmente,
salvava o meu dia. Ao final da apresentação mais importante da semana, fui
surpreendida com um lindo buquê de lírios brancos. “Luca”, pensei e suspirei.
Apenas ele era capaz de enviar as minhas flores preferidas no meio de um dia
tão estressante. Continuei sorrindo e aquela tarde ficou mais leve e colorida. Depois
de passar alguns minutos suspirando e admirando aquele lindo presente, eu me
dei conta de que havia um cartão. “Espero que você esteja com os olhos daquele
jeito que me fazem abrir um enorme sorriso. Como não há certeza, preciso
conferir pessoalmente. Me encontre onde nos conhecemos. Te espero as 19h, Beijo
do seu Luca”. O meu romântico coração acelerou e eu saí logo do trabalho.
Precisava atravessar a cidade e encontrar a minha grande paixão e, ouso dizer,
amor. Ansiosa e muito emocionada, eu até me esqueci do meu medo paralisante de
elevador. Cheguei às 19h em ponto, nem um minuto a mais e nem um a menos.
No
terraço daquele prédio de nove andares, o casal super apaixonado se reencontrou
com um beijo repleto de saudade e sentimento. Só existia nós, a noite estrelada
e dois corações extremamente apaixonados e entregues. “Que bom te ver, Luca. Eu
estava com tanta saudade!”, disse ofegante. “Eu também, minha linda. Te ver era
tudo o que eu mais queria”, ele falou e nos beijamos mais uma vez. “Mas como
você saiu cedo do trabalho?”, perguntei curiosa. “Esse é um dos motivos para eu
estar aqui. Consegui uma promoção... Desculpa se não te contei antes, mas
queria te fazer uma surpresa quando tudo desse certo. E deu”, contou. “Parabéns,
meu amor. Você merece. Você, mais do que ninguém, merece isso”, falei. “E ainda
não disse o melhor. Eles me deram a oportunidade de comandar o escritório aqui
da cidade. Poderemos ficar pertinho um do outro. Na verdade, o outro motivo pra
eu estar aqui é esse”, Luca disse e se ajoelhou. Ele enfiou a mão no bolso e
puxou um anel de noivado. Meus olhos se encheram de lágrimas e naquele instante
eu sabia que não precisava de nenhuma pergunta, porque meu coração já sabia
perfeitamente a resposta, ele sempre soube. Mesmo assim ele perguntou: “Liz,
amor da minha vida, luz dos meus olhos, razão dos meus sorrisos, você aceita se
casar comigo?” E eu respondi imediatamente: “Sim! Claro que eu aceito”. Com os
olhos brilhando e repletos de lágrimas de felicidade, nós nos abraçamos forte e
nos beijamos. Não havia dúvida, porque desde o primeiro momento que o vi, eu
sabia que seria uma pessoa que marcaria pra sempre a minha vida. E saber que
ele me escolheu pra compartilhar a sua vida, só enchia o meu coração das mais
puras alegria e gratidão. E essa foi a melhor e mais emocionante surpresa que o
amor da minha vida me fez. Agora sou eu quem devo fazer isso. Preciso chegar em
casa e contar que a família irá crescer.
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