Sonhando
juntas
Nós
sempre nos conhecemos, desde que tínhamos uns 10 anos, mas foi só aos 20 anos
que viramos amigas. Ainda me lembro do dia que demos o ponto de partida para
nossa amizade. Estávamos no trabalho, e como nesse dia havia poucas pessoas,
começamos a conversar. Num determinado momento Catarina revelou que gostaria de
viajar bastante, conhecer diversos lugares pelo mundo, mas que um dos seus
sonhos era conhecer Londres, exatamente o mesmo que eu. Depois fomos
descobrindo outros pontos em comum: a paixão pelos livros, por cinema, o desejo
de conhecer o mundo, a mesma profissão, a vontade de ter vivido no século XVIII
ou XIX, e o mais importante, aquilo que realmente impulsionou e fortaleceu
nossa amizade, nossa mente sonhadora.
Agora,
três anos depois do início de nossa amizade, estamos jogadas no sofá da sala de
estar, no nosso apartamento. Os pés descansam sobre a mesinha de centro.
Estamos em um nível de cansaço altíssimo, afinal, mudar de um estado para o
outro é sempre cansativo. Mas nem esse cansaço é capaz de frear nossos
devaneios, nosso entusiasmo e nossa ansiedade. Ao som de Shape of you, do Ed
Sheeran, e acompanhadas de uma garrafa de um bom Vinho Rosé (outra de nossas
paixões em comum), tentamos organizar nossos pensamentos e falar de um só
assunto, já que discutimos diversos assuntos ao mesmo tempo. Nossa prioridade
deveria ser a organização do apartamento, pois têm malas para todos os lados,
mas nossa ansiedade nos lembra que precisamos começar a organizar nossa tão
sonhada biblioteca. Porém, nossa mente nos leva a um assunto que poderia ser
discutido posteriormente, nossa tão planejada viagem a Londres (tão planejada
mesmo, porque há anos estamos pensando em todos os detalhes), nossa primeira
viagem para fora da América do Sul, para aquele destino que nos tornou amigas.
Olho
para a varanda e ao fundo vejo o imenso mar da Praia da Barra da Tijuca. É
difícil acreditar que estamos no nosso primeiro dia de moradoras da Cidade
Maravilhosa, que nosso sonho começou a se concretizar. Aquele sonho que nossas
colegas de trabalho viviam rindo, dizendo que nunca se tornariam realidade.
Aquele que mesmo parecendo impossível, nunca deixamos de acreditar. Ou melhor,
um deles, porque são tantos sonhos que ainda temos para realizar.
“Júlia”,
Catarina me chama e tira-me dos meus pensamentos. “O japonês chegou”, me avisa
apontando para a barca de comida japonesa a minha frente, mais uma das nossas
preferências em comum. Enquanto comemos fico olhando para minha fiel amiga e
pensando no quanto sou grata a Deus por ter colocado essa louca na minha vida.
Essa louca que é minha parceira de sonhos, que nunca me deixou desistir deles,
que sempre me fez acreditar que um dia se realizariam. Essa louca que é minha
confidente, que entende minha mente maluca como ninguém.
Saio
dos meus pensamentos e volto para a realidade. Sorrio para Catarina e digo:
“Cat, obrigada por fazer parte da minha vida, obrigada por me fazer acreditar
que um dia nossos sonhos se realizariam, por nunca ter me deixado desistir
deles, e por compartilhar dos mesmos que eu. Pois como diria Raul Seixas “Sonho
que se sonha junto é realidade”, e foi exatamente assim que chegamos aqui”.
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