Coração
azul
Para muitos, pode
parecer besteira, mas no mundo moderno se comunicar com emoticons se tornou
usual e há situações em que cada um expressa realmente uma emoção importante.
Não é pra qualquer pessoa que você vai sair enviando coraçõezinhos. Claro que
há pessoas e pessoas, e isso varia. Mas, no geral, não é pra qualquer pessoa.
Digo isso pensando em uma conversa particular. Pelo menos, para a romântica
Elisa é assim que funciona. Em conversas do whatsapp, por exemplo, ela não
envia corações para qualquer crush ou interesse amoroso. Para ela tem que ter
uma paquera mais intensa, assim como a reciprocidade. Se ela sentir que estão
caminhando lado a lado e ela sente algo pela pessoa, o coração vermelho vai
aparecer, nem que seja uma vez ao dia. Já as carinhas com coraçõezinhos
aparecem com mais frequência e para mais pessoas. Se for parar pra pensar é de
fato uma besteira. Afinal, atitudes valem mais do que palavras ou
emoticons. Realmente, de que adianta encher o amado ou amada de corações,
frases lindas e inspiradoras, se você não se preocupa, não se esforça pra ver,
não mostra com atitudes reais que realmente sente o que diz sentir.
Pensando que, de
fato, a jovem romântica tem feito e falado de acordo com o que sente, os
simples emoticons dizem muito. Neste momento, por exemplo, há duas pessoas. Não
são duas opções, são apenas duas pessoas que ela conversa. Um é o Fred, um
rapaz que ela não imaginava se interessar tanto, que a cativa todos os dias. Em
suas usuais conversas, os corações vivem aparecendo, sinal de que ela está
nutrindo algo bem interessante. Há o receio, claro. "Será que é mesmo
recíproco? Estou fazendo papel de boba? Podemos dar certo? Ele está sendo
sincero? Por que está demorando pra responder? Será que me quer de verdade ou
sou um passatempo?", são algumas perguntas que invadem a intensa mente da
Elisa. Já o outro, o Lúcio, não é alguém que ela se interessa de forma
romântica. É uma ótima pessoa, que também a cativa diariamente. Papo legal e
maduro, se preocupa, nunca está ocupado pra ela. É realmente um rapaz que
qualquer pessoa gostaria de ter em sua vida. No entanto, para a Elisa é um
forte candidato a grande amigo. Lembro deste último porque a jovem não sabe
quais são as suas reais intenções. Vive perdida, coitada. Às vezes parece que é
só amizade, em outras parece que ele quer algo amoroso. Neste caso, há carinhas
com coraçõezinhos, mas ainda não há corações.
É até engraçado
pensar nessas "besteiras" e fazer certas comparações. Mas quem tem a
mente bem imersa em pensamentos e um turbilhão de emoções vai entender a Elisa.
Eu entendo. O mundo mudou, assim como sua forma de comunicar. (Claro que tanto
ela quanto eu preferíamos que as cartas ainda estivessem na moda.) No entanto,
recentemente, ela adicionou mais uma coisa em sua mente gigante. Sem pensar
demais, talvez apenas seguindo o instinto, a jovem enviou um coração azul para
o Fred, e não um coração vermelho, como normalmente fazia. Ela ficou
demasiadamente pensativa. Por ser a sua cor preferida, enviar um coração azul
diz um pouco do que ela sente, e desse jeito faz parecer que gosta mais do que
ela imaginava. "O que eu vou fazer? Será que eu gosto tanto assim dele?
Será que estou apaixonada? Nunca havia enviado um coração azul. Azul! É o topo
pra mim. O que eu faço com isso que me invade aqui dentro?", pensou e
compartilhou suas dúvidas com a sua melhor amiga, que achou que ela estava
exagerando. “Você é sempre tão perspicaz para ajudar seus amigos nos assuntos do
coração, por que precisa fazer essa confusão quando se trata de você? Pra mim é
obvio. E o coração azul só confirma o que eu já desconfiava. Seus olhos brilham
quando você fala dele, tudo te lembra ele, tudo você quer contar pra ele. Você
está apaixonada, Elisa. É simples”, Júlia falou com a amiga. “Não é simples...
Mas você tem razão, não posso ficar mentindo pra mim mesma. Eu estou apaixonada”,
disse.
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