segunda-feira, 1 de agosto de 2022

 

Momento de silêncio


            Ter alguém, ou alguéns, com quem compartilhar as tristezas e as alegrias é maravilhoso. E quando você sente dentro do seu coração que aquela pessoa é confiável e especial, a alegria é ainda maior. Nada como ter com quem contar, seja qual for o momento. No entanto, o nosso maior suporte deve ser sempre nós mesmos. A força primordial, aquela que fará diferença no final, está dentro de nós. Claro que isso não exclui as pessoas incríveis à nossa volta. Mas o fato é que não há como nos decepcionarmos com nós mesmos como acontece com o outro, aquele que depositamos nossa amizade, carinho e confiança. Porque às vezes o coração erra, mas erra numa proporção que dilacera ele mesmo e dói fisicamente. Uma dor que aperta o peito, que parece que vai arrancar um pedaço, uma dor que parece que nunca irá nos abandonar, uma dor que não desejo pra ninguém que tenha um coração bom e sensível. E isso é a decepção com quem acreditávamos que podíamos confiar. Uma decepção que, de certa forma, nos muda. Confiança em qualquer pessoa diminui, assim como os receios com os desconhecidos. O medo de ter seu coração partido triplica, porque sabemos que não é uma dor fácil de amenizar. Nem digo superar, porque ainda não vi acontecer. O coração perde um pouquinho da sua inocência, aquela que permite olhar o outro com tanto encanto. Suspirar volta a ser um processo. “Não acredito que goste de mim dessa forma”, “Ah, está falando da boca pra fora”, “Sério? Não acredito. Sério mesmo?”... Sim, fica difícil voltar a ter aquele encanto, mesmo pelas pessoas que já provaram ser dignas de confiança e carinho. A decepção é uma verdadeira vilã para um sensível coração. A quebra de confiança não acaba apenas com uma relação, abala todas as outras. Por isso, você sempre será o seu maior ponto de apoio.

            No entanto, não dá pra viver assim, com o coração fechado e desconfiando de todos a sua volta. Eu, particularmente, não quero viver assim. Não quero perder o encanto e a esperança pelos que me cercam. Quero amar, quero acreditar que sou amada. Quero compartilhar meus momentos de dor e felicidade. Quero que o outro compartilhe comigo os seus momentos de dor e felicidade. Quero ser o apoio de alguém, assim como espero que alguém seja pra mim, mesmo sem necessidade. Mas, depois da decepção e da quebra de confiança, percebemos que há momentos que pedem silêncio. Há momentos em que, simplesmente, devemos guardar nossas coisas com nós mesmos. O medo acaba tomando conta e para evitar qualquer problema, o silêncio é a melhor resposta. Afinal e infelizmente, nem todos vão ficar felizes com nossa felicidade. Nem todos vão torcer por nossa recuperação num momento de fraqueza e dor. Nem todos conseguem carregar sentimentos bons quando pensam em nós. Então, quanto menos souberem, melhor. O silêncio é a melhor resposta. O que ninguém sabe, ninguém coloca carga em cima. Infelizmente, descobrimos da pior forma que nem todos que nos cercam possuem no coração os mesmos sentimentos bons que você carrega por ele. E é isso, essa é a dura e fria vida.

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