Amando pelos dois
Não somos perfeitos. Não somos exemplos de um amor à primeira vista, apesar de ter me conectado muito facilmente com ele logo na nossa primeira conversa. Não há rótulo no que temos. Não sei bem o que temos. Só sei que temos. E assim são as relações, confusas. Mentira, quem eu quero enganar? A nossa relação é confusa, mas não é uma regra, não é o ideal. O certo é ter tudo definido, claro, para ambas as partes. Claro que não tem como ser perfeito. Hoje posso estar bem, ele nem tanto, assim eu me doarei mais e serei quem manterá o “casal” de pé. Amanhã pode ser ele. E assim seguimos. Isso é o ideal, entender o momento de cada um, o dia de cada um. É assim que conectamos com o outro, entendendo os seus pontos fracos e fortes, entendendo que o esforço deve ser compartilhado. Afinal, toda relação, não importa de qual tipo seja, é uma via de mão dupla, onde ambos se esforçam, ambos procuram, ambos se abrem, confortam e amam. E é justamente esse último ponto que tem virado uma pulga atrás da minha orelha. Eu tenho pensado demais no amor que tenho doado e recebido. Na verdade, no amor que não tenho recebido.
Ou será apenas estresse? Será
correria pelo dia a dia pesado? Será o ciúme? Será o medo? Será uma auto
sabotagem? O que será? Eu estou confusa. Escuto minhas amigas me alertando, me
pedindo para me afastar antes que seja tarde, para me envolver com alguém
realmente “acessível”. Como saber que já é tarde? Já é tarde, não posso me
enganar. Se eu falo de amor, é tarde. É extremamente tarde. O que fazer neste
caso? E eu quero fazer? Eu realmente quero abrir os meus olhos, a minha mente e
o meu coração e pedir pela mudança? Ou vou simplesmente continuar me doando sem
receber o mesmo em troca? Muitas questões, mas pouquíssimas respostas. Não quero
responder. Sou teimosa. Sou um poço de conformismo. Eu sei que faço mal.
Preciso valorizar o meu coração. Não posso continuar amando por nós dois. Aí,
não foi tão difícil admitir... Foi extremamente doloroso colocar pra fora a
verdade. Eu tenho amado há muito tempo por nós dois. Tenho doado carinho, zelo,
paciência, entendimento e amor. Tenho sido conformista e esperado. Mas a
verdade é que nem eu sei direito pelo quê estou esperando. Uma palavra? Um
conforto? Uma atitude? Uma declaração? Não sei. Sinceramente, continuo perdida.
Só sei que quero andar numa via de mão dupla. Afinal, chega de amar em dobro e
não receber nada em troca. Chega de ser o poço de paciência e entendimento.
Chega de palavras bonitas, sonhos empolgantes e realidade fria. Chega de ser
apenas eu.
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