sábado, 2 de outubro de 2021

 

O paramédico


            Sabe quando você tem aquela estranha sensação de que um evento especifico deveria acontecer para que você esbarrasse com “aquela” pessoa? Pois é, estou com essa sensação e me sinto mal por isso. Neste momento, não paro de pensar na minha melhor amiga e no que uma noite de desabafos e bebedeira fizeram eu experimentar. Sei que ela está bem agora, mas ainda estou dividida. Só posso estar louca, muito louca. Eu simplesmente me arrepio todinha quando penso nele e naquele corpo sexy. Sim, definitivamente, é uma loucura. Mas uma loucura muito gostosa e excitante. Quando fui obrigada a chamar a ambulância por medo do pé da minha best ter quebrado, não imaginei que além da excessiva preocupação, eu também ficaria excessivamente excitada. Meus olhos estavam a todo momento no pé da criatura mais bêbada que eu já vi. Quando os paramédicos apareceram, o nível razoável de álcool no meu sangue e o calor da noite, me tiraram do chão. Eu falava apressadamente, segurando uma das mãos da Júlia e balançava a cabeça. “Vou ficar bem, Mel. Está doendo demais, mas vou ficar bem. Se aquele chique não me matou, esse pé também não mata”, dizia ela, tentando me tranquilizar. De repente, senti uma mão forte segurar o meu ombro nu. Minha respiração acelerou ainda mais quando virei o meu rosto e encontrei dois olhos castanhos e intensos me encarando. Naquele instante o tempo parou. 

            Os minutos seguintes parecem ter me tirado totalmente da minha zona de conforto e me levado para um lugar quente, super quente e empolgante. O paramédico sorriu, disse algo sobre a Júlia, provavelmente, que ela ficaria bem, e deu um respiro tão intenso que me deu um tesão daqueles. Um misto de culpa e euforia tomaram conta de mim. Então, com muito custo me voltei novamente para a minha amiga bêbada e disse que não sairia do seu lado. Ela sorriu ironicamente, entendendo perfeitamente o que tinha acabado de passar pela minha mente. É incrível como ela me conhece tão bem. Ali, por um segundo, fiquei com vontade de revirar os olhos pra ela, mas me contive, afinal, não sabia se ele continuava me observando. A sensação era que seus olhos estavam encarando as minhas costas peladas. E esse pensamento despertou outro, um tanto ousado. Imaginei suas mãos grandes percorrendo toda a minha pele. Com certeza me arrepiei e tive que conter a respiração acelerada.

            Felizmente, para segurar um pouco a minha intensidade da madrugada, ele foi na parte da frente da ambulância. Tive alguns instantes de tranquilidade. Se bem que essa não é a palavra exata. Eu não estava tranquila, ainda não estou. Eu só pensava nas mãos dele deslizando todo o meu corpo e nos seus lábios carnudos beijando o meu pescoço. Várias outras imagens invadiram a minha cabeça e eu fiquei ainda mais vermelha. Levei um pequeno susto quando vi que já tínhamos chegado ao hospital. Novamente tive que encarar aqueles olhos castanhos que me olhavam de um jeito que eu mal consigo descrever. Não sei se era delírio, o álcool, ou a noite quente de lua cheia, mas por um momento eu senti que ele me desejava do mesmo jeito que eu o desejo. Sim, eu ainda o desejo. 

            Depois de me recompor, eu voltei a minha atenção para o atendimento da minha best, que ainda estava super bêbada. Fiquei ao seu lado durante o atendimento com o clínico, no raio x e depois enquanto tomava a medicação. Felizmente, foi apenas uma torção e em poucos dias ela estaria bem. “Agora pode relaxar e procurar o gato da ambulância. Ele te quer também”, a Júlia disse e apagou. Eu não queria deixa-la sozinha, mas percebi que o álcool junto com a medicação iria causar um sono profundo, então eu teria que ficar no hospital um tempinho maior do que o esperado. Decidi tomar um café, mas no fundo eu tinha esperança de vê-lo mais uma vez. Tomei dois expressos e um cappuccino e nada dele. Respirei fundo e me senti uma boba. Cabisbaixa, eu saia da lanchonete quando trombei com uma figura forte, alta e quente. Meu coração acelerou, era ele. Sexy e irresistível, exatamente como eu me lembrava. Nossos olhos se encontraram e ele sorriu de um jeito que todo o meu corpo reagiu. Era inegável aquela tensão. Após alguns instantes de silêncio, ele disse: “Que bom que eu a encontrei novamente”. Fiquei nervosa. Aquela voz me deu um tesão perturbador. Eu me jogaria nele ali mesmo, se pudesse. “A Júlia está bem, está dormindo”, eu disse meio agitada. Ele sorriu mais uma vez. “Quem bom... A sua amiga se chama Júlia, mas e você?”, perguntou. “Melissa”, respondi. “É um prazer enorme te conhecer, Melissa. Meu nome é Emerson e eu adoraria conversar um pouco com você”, ele falou de forma excitante. Minha cabeça deu um giro, só imaginando uma “conversa” bem intima com aquele homem gostoso. 

            Em poucos minutos percebi que não havia apenas uma tensão sexual enorme entre nós. Além de lindo e sexy, Emerson é inteligente, bem-humorado e engraçado. E por um instante, senti medo daquela intensa conexão. Eu queria aquele homem, de todas as formas possíveis. Sim, ele também me queria. Após uma breve dúvida, que me persegue, eu entendi os sinais. Pelo menos o meu corpo eu sabia que ele queria. E assim teve. Foi inevitável, eu queria, ele queria, nós queríamos demais. De uma conversa divertida na lanchonete, acabamos parando em seu carro no estacionamento deserto. Agradeci mentalmente por aquilo. Eu não sabia se iria aguentar esperar muito tempo para ter aquele homem em mim. Em poucos segundos eu estava em cima dele, beijando o seu pescoço e alisando o seu cabelo. Ele apertava a minha coxa com uma mão e deslizava os dedos sobre o meu peito. A excitação nos consumiu e eu tive um dos momentos mais instigantes da minha vida. Emerson me tomou por inteira, despertando um desejo indescritível, tanto que voltei para o hospital com a vontade de passar horas e horas agarrada àquele homem grande. 


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