sábado, 30 de outubro de 2021

 

Você quer?


            Sabe, andei pensando em tudo o que tenho vivido, nas paixões perdidas, na intensidade com que vivo cada momento, no que eu quero e, principalmente, não quero. A vida é estranha ou eu sou? Nada parece normal quando se trata de mim. Os segundos são longos quando penso naquilo que quero para o meu coração. O fato, que me persegue, sempre, é que eu não sinto pouco. Eu sinto muito. Eu sinto bem além das trincheiras. E jogar o jogo da vida pra mim ainda é muito estranho. Eu tento controlar o que sinto, como sinto. É eterna luta que eu sempre acabo perdendo. Besteira, afinal, acho que ninguém consegue controlar os sentimentos, a intensidade e sua reação diante das etapas deste intenso jogo. Repito, não queria sentir tanto e a todo momento. Mas sinto muito, por tudo e por todos. E no quesito coração não seria diferente. Todos me dizem para me jogar, experimentar e, simplesmente, viver as emoções, as sensações e o sentimento. Bom conselho, não há dúvidas. Nascemos para jogar. No entanto, o resultado do jogo sempre me assustou. E eu sei que não sou a única a ter este medo. Estou cercada por pessoas que sentem, guardam e tem medo do resultado. Por este e outros motivos, eu e várias tantas nos perdemos em pensamentos e emoções e, frequentemente, nos oprimimos. Não deveríamos nos esquecer que há beleza no jogo e não apenas no resultado. Há? Pois bem, há. Eu vejo. Quando me permito relaxar, eu consigo admirar o frenesi da espera por aquele “bom dia”, “dormiu bem?”, “você me faz bem” ... Admiro também o frio na barriga, o sorriso bobo, a voz sonolenta, a voz bêbada que diz coisas inesperadas, a figurinha travessa, o flerte excitante. Mas a dúvida, aquela dúvida de se estou escutando apenas frases prontas, enviadas igualmente para outro alguém... Ah, essa dúvida me faz querer não sentir tanto, me faz quase implorar para não me expor. Afinal, estaria eu jogando um jogo sujo e injusto mais uma vez? Meu coração espera intensamente que não. No entanto, quando se trata do jogo da vida, tudo é incerto. E agora eu preciso saber, você quer ser o oponente, o parceiro ou o falso parceiro? Você quer lutar contras as incertezas e jogar um jogo excitante? Ou você quer me encarar e dizer que nosso jogo é único quando na verdade eu não sou a única que escuta isso? Você quer apenas sentir? Pois eu, louca, estranha, com o coração mole, ainda estou na partida tentando entender as regras.

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