Quando o passado bate na porta
Diga que você nunca se imaginou seguindo o caminho mais simples, correndo de volta para os braços daquele alguém conhecido do seu passado? Afinal, dá uma preguiça enorme conhecer novas pessoas. Ter que fazer inúmeras perguntas genéricas até ter coragem e se sentir à vontade para entrar em assuntos realmente instigantes. Uma vez ou outra pode ser empolgante, fugindo do padrão. Mas, na maioria das vezes, é aquela mesma coisa, “como você está?”, “mora onde?”, “faz o que?”. Seria tão mais empolgante e fácil, simplesmente, chegar e falar “te achei interessante, seja sincero, não precisa falar o que acha que eu quero ouvir, seja você, com suas loucuras, esquisitices...”, ou seja, não seja entediante. Como pode ser tão entediante conhecer pessoas novas, mas que você já viu à distância? Eu, particularmente, muitas vezes tenho preguiça. Por isso, que em alguns momentos visitar o passado parece tentador. É mais simples bater um papo sem rodeios com alguém que já conhece seus diversos lados. No entanto, passado deve ficar no passado, com algumas exceções. Por que daria certo agora? Se não deu antes, devido à diversos defeitos de ambas as partes, assim como falta de entendimento, sentimento, química, amor, e tantos outros motivos. Por que daria certo depois de dois, cinco, dez anos? Poderia, claro. Afinal, podemos mudar. Todos podem mudar. Mas e se não mudar? Vale a pena insistir, por ser mais fácil e conhecido?
De
vez em quando o passado bate na porta e nos faz repetir essas questões
repetidas vezes. Curioso, ou mesmo decepcionado com as tentativas frustradas de
conhecer novas pessoas, o individuo abre a janela, ou mesmo a porta, para
tentar entender o que esse passado quer. A resposta pode ser chocante,
surpreendente, tentadora. É fácil ficar dividida com o deixar entrar na sua
vida novamente ou não, ainda mais quando a pessoa vem com a promessa de mudança
acompanhada da exclamada vontade de fazer dar certo. Pode ser uma ilusão
atraente, muito atraente, principalmente, para quem tem o coração mole e tende
a acreditar sempre no melhor do ser humano. Então, é aí que deveria haver
aquele super filtro para entender o que deve ficar guardado apenas na lembrança
e o que deve fazer parte de novas memórias. Porque às vezes o passado vem
apenas para dar um ponto final, esclarecer uma situação, pedir desculpas,
perdoar. No entanto, se o passado vem pra desenterrar toda uma história já vivida,
que por inúmeros e dolorosos motivos não deu certo, o coração deve ficar de
lado e a razão deve prevalecer. Mas é tão tentador focar no já conhecido, mesmo
com todos os defeitos, mesmo com tudo que já viveu e sofreu. É tão fácil
esquecer por um momento as situações ruins e deixar a porta entreaberta para o
passado. É tão tentador...
Não
existe resposta certa, não existe certo ou errado. Por mais que eu diga que a
razão deveria prevalecer, na prática é tão diferente e intenso. O coração,
frequentemente, vai querer falar mais alto. Para pessoas intensas, que guardam
o otimismo dentro de si, encarar mais uma vez o conhecido passado pode ser
ainda mais atraente. Porque o outro sabe exatamente o que falar, como agir,
quando espera uma resposta positiva. E aquele que acredita não está errado em
acreditar nas boas intenções. Errado é o outro por prometer coisas que sabe que
não pode cumprir. Então, dizer o que é certo e errado na prática é extremamente
complicado. Eu, particularmente, por mais que me digam pra não ser inocente e
desconfiar das pessoas, prefiro confiar no meu coração e arriscar. Não digo que
deixarei a porta aberta, que tentarei novamente, só digo que prefiro acreditar
no bem. Há quem diga que colocar na balança é uma boa solução. Você sorriu ou
chorou mais vezes quando esteve com essa pessoa? Para algumas situações pode
até funcionar, mas é o que eu disse, há inúmeras variáveis: mudança de uma ou
duas partes, tempo, outros relacionamentos... Não há regras, respostas. Há cada
ser humano, dotado de suas particularidades. Mas se eu ousar dar um conselho,
mesmo sem ser pedido, eu diria para acreditar que o coração encontrará o seu
rumo ideal. Pra mim, hoje, é me abrir e continuar tentando, mesmo que seja tão
entediante e dê muita preguiça. Assim como o passado pode mudar, o novo pode
ser atraente e super empolgante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário