A chuva
Um dos órgãos mais importantes do
meu corpo incendeia, vive um turbilhão de emoções e sentimentos quando se
depara com a chuva. Para quem está acostumada a apanhar as migalhas e se
inundar em expectativas exageradas, às vezes eu permito que meu coração sinta a
imensidão da chuva abundante. Parece uma loucura, mas a insanidade é a minha
amiga de longa data. Chuvas calmas, onde podemos nos molhar sem medo, deveriam
ser a minha única opção. Mas a trovoada me faz acordar, despertar para a
verdade bem diante de mim: a vida passa. Então vale a pena o risco. Já perdi
tempo demais com águas rasas, atitudes pequenas ou a falta dela. Eu quero me enxarcar,
quero que essa chuva tome o meu coração, o meu corpo e faça eu me sentir viva,
mesmo que por um instante. Quero sentir que estou no meio de uma tempestade sem
medo do que virá quando ela se dispersar no horizonte e um lindo arco-íris
surgir. Quero que o arco-íris seja todo pra mim, dando brilho aos meus olhos.
Quero enfrentar as águas turvas e receber a grande recompensa. Quero apenas
sentir e ao final dizer que valeu a pena. No entanto, meu ansioso coração
espera encontrar uma mão companheira no meio da tempestade, uma mão que me apoie
ou que eu possa dar apoio. O meu querido coração espera atravessar a chuva
carregado pelo mais intenso e ardente sentimento ao lado de alguém que o
entenda. Mas sabemos como a chuva é incerta, assim como a vida e as pessoas que
deparamos ao longo da caminhada. Sorte será encontrar um coração intenso e tão
pronto a enfrentar qualquer chuva como o meu e com o meu. Afinal, é apenas a
chuva, é apenas a vida. Na verdade, é “a” chuva, é “a” vida. Não dá pra
ignorar, não dá pra deixar passar sem enfrentá-la. Vai dar medo, com certeza
vai. Temos que ir com medo, mas temos que ir. Há momentos que serão mais difíceis,
outros, surpreendentemente, mais simples, mas o preceito é apenas um: não deixe
de ir. Há beleza em toda e qualquer chuva. E o sol sempre há de brilhar, assim
como o arco-íris costuma aparecer, basta esperar. Então meu coração anseia pela
chuva, pelas chuvas e pelo seu poder de o incendiar mesmo quando dá medo.
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