terça-feira, 12 de abril de 2022

                    

Pobre coração



Das coisas mais belas da vida, ter um coração que sente, que pulsa, que saltita de emoção e ama, é uma dádiva. No entanto, o coração não é racional, não sabe bem onde colocar seu afeto. Ele pode até ter uma intuição, uma vontade que ancora no ser amado, mas isso não é garantia de nada. O coração erra, o coração aprende, mas aprende depois de muita dificuldade. Mesmo assim, há momentos em que ele insiste em perseguir uma direção, ainda que todos os sinais apontem para a decepção, para o erro. Por que? Por que seguir no caminho errado, mesmo ficando tão claro? Uma possibilidade é aquele fio de esperança de que tudo e todos estejam errados e que a qualquer momento algo magnifico irá acontecer a favor do coração. É, bem longe de ser racional, bem longe de ser o certo e o ideal. Mas além de irracional, o coração pode ser teimoso, e ainda pode ter medo da mudança, de ficar longe do amado tão conhecido. Não apenas o órgão mais importante do corpo, a mente também tem dificuldade de sair da zona de conforto, mesmo que não seja um lugar tão confortável assim. No entanto, quando a mente aceita que precisa ter a mudança e quer se desprender daquilo que não faz sentido, há uma chance. O que não dá é para o coração e a mente insistirem juntos no erro. Sim, eles vivem insistindo no erro, naquela iludida esperança de que sentir naquele momento vale a pena. Então é uma tarefa extremamente difícil fazer a mente e o coração aceitarem a mudança e pararem de insistir no amado errado (ou no objeto/situação errado). Como é difícil! Como é complicado espantar da mente as memórias tão gostosas e estimulantes, que nos fez sorrir com todo o corpo e ter prazer pela espera, pela realização. Como é difícil abandonar aquilo que parece tão real, certo e próximo da nossa pele, que nos faz arrepiar. Pobre coração, não possui um botão que o afaste do amado errado. Pobre coração, não tem critérios racionais para escolher onde repousar seu afeto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário