segunda-feira, 5 de junho de 2017

Uma paixão em alto mar

Sonhar sempre foi uma das minhas grandes capacidades, e quando me tornei amiga de Catarina essa capacidade aumentou, pois a partir daquele momento começamos a partilhar nossos sonhos e a sonhar juntas. Nós iniciamos grandes mudanças há três meses, quando nos mudamos para o Rio de Janeiro, e uma de nossas metas, além de realizar nossos sonhos, é nos arriscarmos em novas aventuras, experimentar coisas novas. Coisas que quando morávamos no interior não estavam ao nosso alcance.
Quando começamos a decidir qual seria nossa nova aventura, Helena, minha amiga de infância e agora companheira de apartamento, sugeriu uma viagem num cruzeiro. Em um primeiro momento estremeci só de imaginar. Sempre achei que um cruzeiro deve ser fantástico, mas nunca cogitei a possibilidade de estar em um, por causa do medo de um naufrágio. Não sei porque, mas desde novinha tenho certa fobia a água em grandes proporções, como rios, lagoas, barragens e alto mar. Na praia só costumo ficar em locais onde a água chegue no máximo até minha cintura. Diante da insistência e empolgação das minhas amigas acabei aceitando o desafio. Algo dentro de mim, talvez minha intuição, dizia que aquela viagem seria especial, que algo muito bom iria acontecer.
Ao pisar no navio minha primeira reação foi pânico, um desejo de sair correndo de lá. Mas resisti, sabia que precisava confrontar meus medos. Fiquei tão impressionada com a embarcação, era ainda mais luxuosa do que eu imaginava. Nossa suíte era maravilhosa, escolhemos uma bem grande, para que pudéssemos ficar as três juntas. A varanda tinha uma vista incrível. Não vou negar que olhar aquela imensidão de mar me deixou alarmada, mas ignorei minha mente para curtir a viagem.
Em nossa primeira noite resolvemos jantar no principal restaurante do navio. Entre tantos pratos deliciosos optamos por um da culinária francesa. Durante todo o jantar senti que estava sendo observada, mas não sabia por quem. Ao final da refeição o chef de cozinha veio nos cumprimentar, disse que precisava conhecer quem havia pedido seu prato predileto de preparar. Quando eu disse que havia sido eu que pedira o Pavé de saumon grillé ele me exibiu um sorriso encantador, um sorriso cheio de promessas. Depois do jantar resolvemos tomar um drink em um dos bares, e quando já estávamos nos retirando para a suíte senti alguém se aproximar, e quando me virei dei de cara com Guilherme, o chef do restaurante que havíamos jantado.
Catarina e Helena foram dormir e eu sentei para tomar mais um drink, desta vez na companhia do cozinheiro mais lindo que eu já conhecera. Depois de um tempo de conversa percebi que ele não apenas cozinhava bem, mas também era um excelente galanteador. Marcamos de nos encontrar na noite seguinte, depois do expediente dele. No horário combinado nos encontramos, dessa vez resolvemos tomar um vinho para combinar com a noite fria. Mais uma vez fiz outra descoberta a cerca de Guilherme, além de entender tudo da cozinha européia, o belo homem que estava sentado a minha frente era um enófilo de carteirinha. Resolvemos dar uma volta pelo convés para ver a noite, e foi ali que ele me beijou pela primeira vez.
Almoçamos juntos no dia seguinte, e a noite nos encontramos novamente. Dessa vez quando ele me beijou senti algo diferente. Havia pouco tempo que eu havia terminado um relacionamento, e por isso achei que não estava preparada para me envolver emocionalmente com alguém de novo. Mas Eu me sentia tão bem na companhia de Gui, ele era tão espontâneo, não tentava me impressionar o tempo todo como muitos homens faziam. Ele se abria, mostrava quem realmente era, mas nada forçado, eu podia perceber que aquele era ele de verdade. E eu gostava de quem ele era. Minhas amigas disseram que estava me apaixonando por ele, mas eu disse que não, que só estava curtindo o momento. No fundo do meu coração eu sabia que era verdade, mas me negava a aceitar. Um relacionamento entre nós era improvável, já que ele trabalhava viajando o tempo todo.
Eu tentava me manter firme, mas era impossível resistir a aquele homem bonito, inteligente e engraçado. Cada vez que ele abria a boca me arrancava um sorriso. Definitivamente eu me sentia uma adolescente apaixonada no auge dos meus 24 anos. Diante daquele charme irresistível e de tantas investidas decidi deixar de pensar no futuro e viver o momento, resolvi me entregar a aquela paixão que estava me consumindo por dentro.
Os dias seguintes transcorreram de forma maravilhosa. Passávamos a manhã e a tarde juntos, a noite nos encontrávamos depois do expediente, e não nos desgrudávamos mais até o horário dele trabalhar novamente. À medida que a viagem ia chegando ao fim meu coração se apertava, pois eu não sabia o que seria de nós quando chegasse ao Rio, ou melhor, não sabia se existiria um nós. Eu não queria mais desgrudar dele, mas sabia que esse momento chegaria.
Quando chegamos ao Pier Mauá, no Rio de Janeiro, não tivemos coragem de nos despedirmos de verdade, apenas trocamos um longo beijo e um abraçado apertado, e cada um seguiu seu rumo. Nada de promessas e planos que não dariam certo. Apenas guardaríamos um ao outro em nossos corações como a melhor lembrança daquela mágica viagem. Trocamos nossos telefones, portanto, se tivermos que ficar juntos o destino se encarregará de nos unir novamente.